sábado, 1 de novembro de 2008

Tudo é eterno enquanto dura...

Noite…Aconchego-me no frio da noite, no silêncio das palavras que ficam no ar, no ruído das palavras que ficam por dizer e que latejam no coração… Sinto no ar o odor castanhas assadas…Recordações outros tempos, outras eras, outras disposições, outros amores, outras paixões… Vontade de regressar, de recuperar a inocência perdida… A noite está a ficar fria demais… ou serão as recordações que me gelam por dentro? Sentada, naquele sítio que tanto me conforta a alma sinto parte de mim a deixar-me como que levada por um anjo, o anjo de negro …

“Agarra-me a mão! Leva-me para longe daqui!”
“ Não posso!”
“Porquê?”
“Porque não é esse o teu verdadeiro desejo. Tu queres ficar, tu queres ver, viver, vencer, sorrir, cantar, saltar, chorar…”
“Mas não consigo…”
“Consegues… Procura dentro de ti que vais encontrar o que precisas… e nem tens que procurar muito por essa energia… sabes onde está guardada… mas sabes também que te vai custar muito mexer nela de novo…”
“Tenho medo! Tenho medo de desenterrar males antigos, de mexer em feridas já saradas… de passar por tudo outra vez…”
“Aproveita enquanto dura…pois só assim os momento serão eternos…”
“Mas vou voltar a chorar…”
“Pois vais… e sabes que não será a última vez…Voltarás a chorar mais vezes, vais voltar a sangrar, vais voltar a amar…e depois voltarás aqui… e eu vou estar mais uma vez aqui para te lembrar de tudo o que és capaz, de quem és, qual é a tua verdadeira essência…”

Respiro fundo…olho à minha volta…sinto-me a voltar a mim própria… Limpo os olhos… Sinto de novo o frio à minha volta…Serão as recordações? Não…essas aquecem, mantêm-me viva, dão-me força para lutar, espernear, gritar, seguir em frente… Levanto-me… Hum onde será que estão as castanhas?





“Tanta pressa temos de fazer, escrever e deixar ouvir a nossa voz no silêncio da eternidade, que esquecemos a única coisa realmente importante: viver…”

Robert Stevensen

“Se o nosso espírito pudesse compreender a eternidade ou o infinito, saberíamos tudo. Até podermos entender esse facto, não podemos saber nada!”

Fernando Pessoa

1 comentário:

Bruno Rafael disse...

Amo, porque vivo...Sinto, porque vivo...Sofro, porque vivo... É assim que me sinto a respirar...Jamais deixarei de me tatuar de vida, jamais deixarei de me embeber em lugares, pessoas, momentos...jamais quero deixar de sentir medo, raiva, deixar de falar, argumentar, discutir, Gritar.....
Entrega-te ao mundo e deixa que ele te mate suavemente....